História do Rock #42: Matanza


Roqueiros e roqueiras de todo o mundo (e porque não de todo o universo não é senhores aliens, que nos monitoram o tempo todo?) o História do Rock voltou para mais uma semana de rock n' roll. Pela segunda semana seguida vamos ficar com o rock nacional (aqui é Brasil) e vamos falar sobre os bêbados, valentões, machões, roqueiros e meio cowboys do Matanza.

A ideia de uma banda começou no distante ano de 1993 na cidade do Rio de Janeiro com Bruno Munk London (conhecido por todos nós como Jimmy London) e Marco Donida. Os dois queriam fazer algo novo e unir a sua paixão pelo country de Johnny Cash com uma batida mais punk e hardcore. Para completar essa primeira formação do Matanza ainda o baterista André Paixão (conhecido como Nervoso) e o baixista Diba.

Oficialmente a data de formação da banda foi em 1995, mas ao mesmo tempo que eles ensaiavam, se apresentavam e compunham músicas próprias nenhum deles nunca tirou o sustento apenas da própria banda, ou seja, todos tinham seus empregos e encaravam a banda como algo de brincadeira, um projeto paralelo.

Em 1998 eles decidiram tentar a sorte e gravaram sua primeira demo, "Terror em Dashville", que contava com sete músicas e mal passava dos dez minutos de duração (visivelmente uma influência punk, músicas curtas, rápidas e agressivas, algo que é bem marcante na música "Imbecil").

Logo após a gravação dessa demo o baixista Diba deixou a banda e para seu lugar veio o baixista China .

No ano de 1999 durante uma das apresentações da banda um produtor gostou do som da banda. A banda gravou mais uma demo, intitulada de "De Volta a Tombstone", para apresentar para a gravadora. A gravadora gostou do som também e logo o Matanza assinava seu primeiro contrato com uma gravadora.

As gravações do seu primeiro álbum começaram no final de 2000 e o resultado veio em março de 2001.

O álbum "Santa Madre Cassino" conta com a épica "Ela Roubou Meu Caminhão" como faixa de abertura (cara eu conheci Matanza com essa música e é sensacional em todos os sentidos). O álbum trazia temas como bebida, mulher, jogos e outras coisas (geralmente coisas de "machos") e aquela mistura de country e punk que logo foi classificada pela crítica como Country Core e recebeu ótimas críticas nacionais. Infelizmente o Brasil nunca foi muito ligado ao rock e desde o começo dos anos 1990 a situação só foi piorando e por isso o Matanza não conseguiu espaço nas rádios do país.

Fato interessante: A própria banda adotou o rótulo de Country Core dado pela imprensa para eles e assim denominam seu gênero musical hoje em dia.

Sem a ajuda das rádios (sem nem precisar falar da TV) a gravadora acabou terminando contrato por não ter conseguido o retorno esperado  e a banda novamente ficou sem um contrato.

Para continuar na maré que a banda estava o baterista Nervoso acabou deixando as baquetas do Matanza, mas a banda sem perder tempo logo chamou Fausto para seu lugar.



O produtor da banda sem desanimar acabou conseguindo um contrato com uma outra gravadora um pouco menor. Contrato novo na mão não há tempo a perder. A banda voltou para estúdio em 2002.

O novo álbum da banda foi lançado em 2003 com um nome bastante sujestivo: "Música Para Beber e Brigar". Destaques para as músicas "Bom é Quando Faz Mal" e "Pé na Porta, Soco na Cara" (nomes bastante românticos), além de um cover de "Busted" do seu ídolo Johnny Cash. Esse álbum já teve uma "visualização" um pouco maior, principalmente por causa da popularização da internet no Brasil.

No ano seguinte a banda começou a idealizar um projeto em homenagem a Johnny Cash gravando algumas canções que eles geralmente faziam cover ao vivo. O projeto começou a aumentar de tal forma que logo já haviam gravações de covers para encher três compactos. Com isso o Matanza decide gravar o disco pra valer só com músicas de Johnny Cash.

"To Hell With Johnny Cash" foi lançado em 2005 e foi o primeiro álbum brasileiro a ser distribuído em DualDisc (ou seja, um CD e DVD no mesmo disco. Cara eu nem sabia que essas tecnologia existia).

A banda incansável, sempre com um copo na mão e a música no coração (masoq?) voltou para estúdio no final de 2005 agora mais maduros musicalmente e mais compromissados com a própria banda. O resultado de tudo isso foi o álbum "A Arte do Insulto", considerado um dos mais pesados da banda até hoje com menos influências country e mais voltado pro "rock paulera". Músicas como "Clube dos Canalhas", "O Chamado do Bar" e a cômica "Estamos Todos Bêbados" são destaques do álbum (um dos melhores musicalmente da banda).

Logo depois do álbum a banda passa por mais uma mudança na formação com a saída do baterista Fausto e a entrada de Jonas.

O sucesso desse álbum foi um passo muito maior e a banda com isso começava a ficar muito mais conhecida nacionalmente. Com esse sucesso a MTV aproveitou para convidar a banda a gravar seu primeiro DVD.

Gravado em dezembro de 2007 no Hangar 110 (São Paulo) e lançado em 2008 o primeiro DVD da banda (e único até agora), "MTV Apresenta Matanza", trazia os principais sucessos dos três álbuns anteriores da banda. O show também foi lançado em CD mas com 8 faixas a menos, contando com "apenas" 16 das 24 faixas do DVD.

Comentário pessoal: Esse show foi bão demais, muita tristeza não estar ali no meio da galera curtindo a sonzera.

Logo depois da gravação do DVD, Donida decide deixar a formação de palco da banda se concentrando em seus outros projetos mas ainda participando das composições da banda e das gravações de estúdio (também não entendi o que passa na cabeça de um cidadão desses). Seu lugar nas apresentações foi ocupado por Maurício Nogueira



Treta interessante: Em 2007 Jimmy foi convidado para participar do jogo no Rockgol e durante o jogo deu diversos "carrinhos" nos adversários que era da banda NXZero. Depois do jogo rolou aquela "treta" bem gostosinha entre Jimmy e o vocalista da banda NXZero, Di, que acaba dando aquela vontade de rir quando você assiste e imagina como seria a briga dos dois (huehuehuehue).

Devido aos projetos pessoais de Jimmy na TV e os diversos shows que a banda fazia o novo álbum da banda acabou demorando pra sair e foi exatamente nesse meio tempo que a popularidade da banda parece ter estourado (acredito que seja por causa de Jimmy na TV e o DVD da banda).

Fato interessante: Em 2007 começou a sair a "Matanza Comix", uma revista em quadrinhos com várias histórias (bastante bizarras, eu devo dizer) e que contava com a supervisão do próprio Donida, além de alguns desenhos também serem dele.

A ansiedade dos fãs crescia pelo novo álbum da banda que não lançava nada novo desde 2006. A banda anunciou sua volta aos estúdios no final de 2010 para aumentar ainda mais a expectativa dos fãs pelo próximo álbum.

Finalmente em 2011, cinco anos depois do seu último álbum, o Matanza lançou seu novo trabalho. Intitulado de "Odiosa Natureza Humana" veio para desbancar o "A Arte do Insulto" do posto de álbum mais pesado do Matanza. "Odiosa Natureza Humana" não lembra em nada o Matanza dos tempos de country na maior parte do tempo, é até meio assustador ver como o peso da banda tinha "evoluído" (longe disso ser algo ruim). Acho que é até difícil falar quais são os principais destaques desse álbum, porque na minha visão esse é um daqueles álbuns que a pessoa tem que ouvir por inteiro para entender tudo (meio confusa essa explicação), mas para citar minhas favoritas: "Ela Não me Perdoou" (ao melhor estilo "Ela Roubou Meu Caminhão"), "Remédios Demais" e "Saco cheio e Mau Humor".



Fato interessante: Em 2012 a banda começou o Matanza Fest, um festival de rock que passa por diversos lugares do Brasil com várias bandas nacionais. Em 2013 já aconteceu a segunda edição do festival que contou com mais bandas e mais nomes de peso como Camisa de Vênus e Velhas Virgens.

Para não deixar os fãs esperando tanto tempo de novo a banda voltou para estúdio logo em 2012 para começar as gravações do novo álbum.

Em 2013 veio o mais novo e último álbum a ser lançado (por enquanto eu espero) o "Thunder Dope". Bom se o álbum anterior da banda era o que mais se distanciava das raízes meio country do Matanza, o novo trabalho volta até demais nas raízes, com músicas da época das demos do Matanza como a "Matanza em Idaho" e "Goredoom Jamboree". O destaque vai para "Mulher Diabo". Uma grande diferença desse álbum em relação aos anteriores do Matanza é a quantidade de músicas em inglês que a banda colocou no álbum (desconsiderando é claro o álbum de covers do Johnny Cash). Esse álbum é realmente bom, principalmente se você é um fã do começo do Matanza com a visível mistura punk e country, músicas rápidas, agressivas e com aquele toque que só o Matanza consegue dar.

Fato interessante: Jimmy foi convidado para "comentar" os festivais do Rock in Rio 2013 no canal Multishow e representou o rock de verdade naquela bagaça, mas com profissionalismo e imparcialidade (sem ser puxa-saco de ninguém, mas os comentários do Jimmy eram mais inteligentes e bem feitos do que o dos outros comentaristas).

Em 2014 a banda ainda não anunciou nenhum plano para lançamento próximo e continua fazendo apenas seus shows pelo Brasil todo.

E por aqui terminar mais um História do Rock, com essa banda nacional que vem honrando o nome do rock no Brasil há quase vinte anos já e que tem um som único, ótimo para todos os bêbados e roqueiros. Esse é o Matanza.
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