História do Rock #44: Janis Joplin

Mais uma semana de aprendizado sobre História do Rock. E no último final de semana foi comemorado o dia internacional da mulher. Aquelas criaturas que deixam a vida de todos os homens melhores e ao mesmo tempo nos fazem sofrer. Aqueles seres que embelezam o mundo a nossa volta. Aquelas mulheres que dão um toque todo especial a vida (cara que lindo isso que eu escrevi, agora eu chorarei de emoção hehehe). Já que é assim eu decidi escrever o História do Rock como uma homenagem às mulheres e depois de muito pensar que iria estar aqui essa semana eu decidi que não podia ser ninguém menor do que a Rainha do Rock, Janis Joplin.

Em 19 de janeiro de 1943, nas longínquas terras de Port Arthur no Texas, EUA, nascia Janis Lyn Joplin, filha de Seth e Dorothy.

Fato interessante: Janis cresceu naquela pequena cidade, que tem como principal renda o trabalho em refinarias de petróleo o que torna o ar da cidade bastante poluído e o clima já quente do Texas fica ainda mais quente, o que fez com que ela odiasse a cidade em que cresceu e foi criada.

Seus primeiros interesses artísticos foram a pintura e a poesia, mas isso mudaria aos seus 17 anos quando descobriu o country blues de Leadbelly e Bessie Smith ao ganhar dois LP's. Janis ficava ouvindo os dois discos um atrás do outro e cantava junto com as músicas, o que fez com que ela se apaixonasse por isso. Essa paixão fez com que Janis fugisse de casa logo após completar os 18 anos.

Janis passou por diversas cidades, sempre cantando em pequenos bares para conseguir algum dinheiro. Infelizmente boa parte desse dinheiro que ela conseguia ela acabava gastando em drogas e bebidas o que iria arruinar a sua saúde rapidamente nos anos seguintes.

Janis também tentava encontrar um estilo próprio sempre baseando-se em suas cantoras favoritas, mas muitas vezes as pessoas não gostavam de sua voz por algum motivo, ou era aguda demais, ou quando grave não afinava muito bem. 

Não se sabe exatamente a data em que Janis encontrou o pessoal da Big Brother and the Holding Company, que contava com Sam Andrew e James Gurley nas guitarras, Peter Albín no contrabaixo e Chuck Jones na bateria que foi substituído por Dave Getz em 1966. Acontece que o "empresário" da banda viu Janis em uma de suas apresentações e gostou tanto daquela voz meio rouca, meio aguda que a convidou para fazer parte da banda como vocalista.

Janis que estava acostumada cantar músicas country, blues, bluegrass, achou primeiro que não iria conseguir se adaptar com uma banda de rock pois ela teria que "gritar" muito e se mexer mais ainda em cima do palco. Anos mais tarde ela diria que aquilo foi o que a completou e que ela não conseguia mais subir no palco sem poder agir daquele jeito "rock and roll", gritando e se agitando em cima do palco.

A banda então se apresentava com regularidade na área de São Francisco até um dia um sujeito de Chicago apareceu com uma oferta de contrato com uma pequena gravadora para a banda gravar seu primeiro álbum. A proposta não agradava o empresário da banda e os membros acabaram se convencendo de que era melhor então demitir seu empresário e seguir para gravar o álbum, afinal era um sonho. Eles foram para Chicago e gravaram o álbum, "Big Brothers and The Holding Company" em 1967, mas então não conseguiram se apresentar em praticamente nenhum lugar da cidade, a "gravadora" se recusava a dar qualquer dinheiro para a banda que teve que dar um jeito de voltar para casa porque não conseguiram nem o dinheiro para a passagem de avião de volta. 

A banda de volta para São Francisco voltou a se apresentar em pequenos bares e clubes locais, seguindo com a vida, até que em 1968 aconteceu o Monterey International Pop Festival, onde os grandes destaques e que mais receberam elogios da crítica foram Janis Joplin e Jimi Hendrix (pensa em um festival desse).

Logo após o show a banda já tinha um novo empresário e praticamente um novo contrato com uma gravadora de verdade desta vez, a Columbia.

Fato interessante: Em uma das apresentações da banda, Janis estava com um resfriado e acabou levando chá e bebida alcoólica para cima do palco e perguntou apreensiva para os colegas, será que eu vou conseguir me sair bem hoje? Os colegas contam que Janis encantou a platéia como sempre naquela noite com sua voz, estando gripada ou não.

Em abril de 1968 a banda finalmente foi para Nova York para começar a gravar seu primeiro álbum de verdade, "Cheap Thrills".

A banda começou a ter alguns problemas no estúdio na época e Janis diria que aquilo era por causa da "atmosfera" de Nova York, porque lá as pessoas montavam bandas para fazer sucesso, não era como em São Francisco onde as bandas apenas queriam tocar suas músicas por prazer e isso estava atrapalhando a banda, eles tinham que começar a administrar melhor o sucesso.

Finalmente o "Cheap Thrills" foi lançado e foi um grande sucesso, com músicas marcantes como "Ball and Chain" e "Piece of My Heart". O álbum vendeu milhões de cópias e levou a banda ao sucesso rapidamente, principalmente Janis. 

Infelizmente essa grande visibilidade de Janis dentro da banda fazia com que os fãs se esquecessem dos outros músicos e dessem crédito apenas a Janis, que alguns dizem que acabou com o sucesso subindo à cabeça. Com isso os boatos de separação da banda eram cada vez mais fortes.

A última apresentação da Big Brothers com Janis Joplin nos vocais aconteceu em 1º de dezembro de 1968. Logo após deixar a banda Janis já estava com uma nova banda, a Kozmic Blues Band.

A banda nova de Janis acabava ficando ainda mais como plano de fundo nas apresentações da cantora, com praticamente todos os holofotes em cima de Janis, o que já era esperado naquele momento. Foi com a Kozmic que Janis se apresentou no lendário Festival de Woodstock em 1969.

Enquanto o ego de Janis só fazia crescer, a crítica a criticava, primeiro por seu ego exagerado, segundo por sua banda que era algo muito fraco se comparado com a Big Brothers, dizendo que ela devia se desculpar com os rapazes da Big Brothers e pedir para voltar.

Ainda em 1969 Janis voltou para estúdio para gravar com sua nova banda pela primeira vez. O resultado foi "I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama!" que apesar das ótimas vendas, conseguindo rapidamente o disco de ouro, não chegou nem perto do sucesso do "Cheap Thrills". As críticas eram as mesmas que vinham acompanhando Janis e que já foram citadas aqui, mesmo assim era impossível não elogiar as qualidades do álbum e a voz maravilhosa de Janis.

Fato interessante: Em março de 1970 Janis veio para o Brasil, mas não para se apresentar, mas sim para tentar se afastar da heroína e tirar férias (a primeira parte deve ser piada kkk). Janis chegou a ser expulsa do Hotel Copacabana Palace depois de nadar nua na piscina, além de várias outras condutas um tanto inapropriadas na cidade do Rio de Janeiro, como cantar em um bordel, fazer topless na praia de Copacabana e beber muito, mas muito mesmo.

Em abril, já de volta aos EUA, para alívio do povo brasileiro que estava assustadinho com a atitude hippie da cantora (hehehehehe), Janis se apresentou com alguns músicos da Big Brothers em um show que foi extremamente elogiado depois por todos, mas como sempre o público gritava apenas o nome de Janis Joplin, se esquecendo dos músicos.

Joplin formou então uma nova banda depois dessa apresentação, a Full Tilt Boogie Band. Todos que assistiam as apresentações da banda concordavam que aquela banda sim dava o "sustento" necessário para que Janis cantasse tudo que podia em cima de um palco com bons músicos.

Em 12 de agosto de 1970 Janis Joplin se apresentou pela última vez, fazendo um show para cerca de 40 mil pessoas no Harvard Stadium. Depois disso ela e sua banda começaram a se dedicar a gravação do seu novo álbum de estúdio.

Fato interessante: A última aparição em público de Janis Joplin aconteceu em setembro, quando ela voltou para sua cidade natal, Port Arthur, para sua reunião de 10 anos de formatura na escola. Suas vestimentas chamativas incluíam penas azuis e roxas, quilos de pulseiras, anéis e jóias e sandálias.

Em 4 de outubro de 1970 Janis tinha uma seção de gravação agendada no estúdio, mas não apareceu e preocupou seu empresário que mesmo acostumado com atrasos da "diva" teve um mal pressentimento daquela vez. Ele foi até o hotel de Janis e a encontrou morta vítima de uma overdose de heroína, agravada pela quantidade de álcool consumida pela cantora de apenas 27 anos (a idade mágica dos músicos), bom pelo menos é a história oficial. Porque eu disse isso? Bom, porque existem milhares de teorias de como ela teria morrido. Janis foi encontrada com o nariz e a boca sangrando, além do nariz quebrado e exatos $4,50. Teorias apareciam dizendo que ela havia sido assassinada por um traficante, por um homem ciumento, até pela CIA (essa teoria faz todo sentido, afinal a CIA sempre se preocupou em matar hippies cantores famosos). Além disso, ninguém nunca descobriu pra que eram aqueles $4,50.

Todos que conviviam com Janis diariamente diziam que ultimamente ela estava mais feliz do que nunca, animada novamente com sua carreira, falando do seu futuro, sobre se casar e etc.

O álbum que estava sendo gravado na época acabou sendo lançado seis meses depois com o nome "Pearl" e é considerado por muitos como o melhor entre os quatro álbuns que Janis gravou.

Milhares de homenagens foram feitas à Rainha do Rock, Janis Joplin que era a personificação do espírito do rock and roll e com certeza é um dos maiores símbolos femininos não só no rock, mas em toda música contemporânea, marcando gerações com sua voz rouca, forte, aguda, suas letras impactantes, com uma temática muitas vezes triste ou reflexiva. Essa é a história de Janis Joplin.