História do Rock #46: Apocalyptica


Oh Yeah Baby, vortêmo! E hoje o História do Rock trás uma banda que é sem dúvida uma das mais originais da história do rock. Mesmo sendo difícil inovar dentro de um universo como o rock onde parece que tudo já foi feito (principalmente da década de 1990 pra cá) essa banda conseguiu esse feito de se tornar uma banda única. Hoje vou falar sobre o Apocalyptica.

A banda surgiu na Finlândia (é eu sei que vai ter gente que nem sabe onde fica esse país gelado no norte da Europa) em 1993. Mas talvez eu possa dizer que tudo começaria muito antes, quando quatro garotos decidiram começar a estudar violoncelo (também conhecido como cello). Quatro estudantes da Sibelius Academy de Helsink decidiram se juntar para tocar músicas tendo como repertório canções que variavam de Bach até Metallica. Os quatro garotos eram Eicca Toppinen, Paavo Lötjönen, Antero Manninen e Max Lilja.

Eram quatro excelentes músicos e o que acabou por juntar de vez o grupo foi o amor que os quatro tinham pelo metal. Foi nesse momento em que os quatro decidiram montar uma banda de metal com quatro violoncelos (eu disse que era algo original). Não haviam guitarras, baterias nem mesmo um vocal na banda, eram apenas arranjos feitos na maioria por Eicca de músicas famosas e apenas para quatro cellos. O nome escolhido para essa banda era Apocalyptica.

Depois de quase três anos de ensaios e pequenas apresentações estava na hora de ver se a banda teria futuro ou não. Foi no natal de 1995 quando a banda decidiu tocar no Teatro Heavy Metal Club em Helsinki, onde bandas iniciantes apresentavam alguns covers para os "metalheads" (uma dessas bandas era o Him)que essa "prova" aconteceu. Eicca depois disse que os quatro estavam morrendo de medo de que os fãs de metal dali os expulsassem ou até que os agredissem, mas depois que a banda começou a tocar covers do Metallica, Slayer e Pantera todos ficaram impressionados com o som da banda o que fez com que a empolgação da banda crescesse ainda mais, afinal tinham passado em uma prova de fogo para saberem se eram bons mesmo. 

Fato interessante: Esse foi um dos primeiros shows em que a banda usou amplificadores e distorção em seus instrumentos (no bom sentido) dando um som mais pesado e saindo do "acústico".

O que eles não sabiam era que no meio da platéia estava um produtor de uma gravadora que ficou simplesmente de queixo caído ao ver aquela nova banda. Logo depois do show ele não perdeu tempo e foi direto oferecer um contrato de gravação para a banda, que até então nunca nem ao menos tinha cogitado a ideia de gravar um álbum, afinal era só diversão, algo fora do comum, algo feito por paixão (lição de vida, tudo aquilo que você faz por paixão vai dar frutos em algum momento).

A banda foi direto pro estúdio em 1996 e em outubro daquele mesmo ano lançou seu primeiro álbum: "Plays Metallica by Four Cellos". O álbum trazia 8 faixas, todas covers da banda Metallica, como "Enter Sandman", "Master of Puppets" e "Welcome Home (Sanitarium)". O álbum foi muito bem para um estreante de uma banda finlandesa tendo vendido quase 1 milhão de cópias ao redor do mundo. 

Logo depois do lançamento a banda saiu em turnê pela Europa e inclusive abriu dois shows dos seus ídolos do Metallica feitos na Finlândia.

Depois de acabar a turnê a banda volta para a Finlândia para começar a gravar seu segundo álbum. 

Fato interessante: O engraçado é que o Apocalyptica sempre foi uma banda com uma excelente presença de palco que só vem melhorando com o passar dos anos, mas é incrível como eles com quatro cellos e sem nem um vocalista ou algo assim conseguem uma interação com a platéia que é assustadora e tem muita banda por ai que não consegue.



O novo trabalho da banda foi lançado em setembro de 1998 com o nome "Inquisition Symphony", nome tirado de uma música dos brasileiros do Sepultura e que tem um cover também nesse álbum. Além de dois covers do já citado Sepultura, a banda também regravou músicas do Metallica, Pantera e Faith No More, além de lançar três músicas próprias dessa vez também: "Harmageddon", "M.B. (Metal Boogie") e "Toreador", sendo as três compostas por Eicca. Esse álbum sem dúvida estava bem mais pesado do que o álbum de estréia da banda e agradou demais os fãs antigos da banda, crítica, além de conseguir trazer novos fãs que começaram a ver a música do Apocalyptica como algo sensacional, que é o que ela é.

Em 1999 é feita a primeira mudança na formação da banda com a saída de Antero que foi substituído por Perttu Kivilaakso. 

Em 2000 o Apocalyptica volta para estúdio para gravar seu terceiro álbum enquanto desfrutava de um dos maiores momentos de sucesso até então, tudo graças a energia de suas apresentações e a qualidade de som ao vivo e em estúdio que era algo quase inacreditável vindo de quatro instrumentos que eram totalmente estranhos no mundo do metal.

"Cult" foi o terceiro álbum do Apocalyptica e este está para o "Inquisition Symphony" assim como o "Inquisition Symphony" está para o "Plays Metallica By Four Cellos". O que eu quero dizer com isso é que é clara a evolução do som da banda e a confiança que eles ganharam para gravar. Também houveram menos versões de músicas de outras bandas (apenas duas do Metallica, "Until It Sleeps" e "Fight Fire With Fire", além de um novo arranjo para a música "Hall of the Mountain King" do compositor erudito Edvarg Grieg. Sério eu era muito viciado nessa música, ela ficou muito sensacional e "do mau", ouçam ela original e a versão feita pelo Apocalyptica no youtube e verão o que eu estou falando). Outras dez faixas do álbum eram de composição da própria banda, contando com "Coma" gravada ao vivo.

Esse grande aumento nas composições próprias e o abandono dos covers se deu pelo fato de que a banda não queria mais apenas fazer versões de outras músicas, eles não se sentiam mais felizes apenas com aquilo, eles sabiam que o Apocalyptica era mais do que apenas covers de outras bandas e tinha muito a oferecer (e estavam mais do que certos, o álbum é excelente). As composições da banda eram uma verdadeira mistura do metal com o erudito, algo que é indiscritível, principalmente quando você se dá conta que são apenas quatro cellos fazendo um som como aquele.

A banda saiu para sua turnê de divulgação até 2002 passando por diversos países novamente, principalmente na Europa. Ao final da turnê alguns desentendimentos internos surgiram fazendo com que Max Lilja deixasse a banda. Os três membros remanescentes disseram que não tinham pressa em substituir o quarto membro e acabaram ficando como um trio.

Ainda em 2002 foi lançada a primeira coletânea da banda: "The Best of Apocalyptica", contendo 12 faixas dos três álbuns anteriores e uma faixa nova, "Driven", para dar um gostinho aos fãs do que estava vindo.


A banda voltou para estúdio no começo de 2003 apenas como trio realmente, mas com um convidado de peso para as gravações: Dave Lombardo, o baterista do Slayer era o convidado especial e tocou bateria em 5 das 13 faixas do álbum. Essa adição pra o som da banda acabou completando o que eu particularmente sempre achei que era uma "falha" na banda, a falta de uma percussão para dar a pitada final. 

Fato interessante: Os rapazes do Apocalyptica conheceram Dave Lombardo ainda em 1997 durante sua primeira turnê, em um festival na Holanda onde Lombardo também iria tocar. Lombardo ficou impressionado com o som da banda e perguntou se eles sabiam tocar alguma música do Slayer e os convidou para tocarem "South of Heaven" no palco com ele. Depois disso Lombardo disse que sempre que precisassem de um baterista ele estaria a disposição, se tornando desde então amigos.

O nome desse novo álbum mais do que esperado pelos fãs era "Reflections" que em sua versão original trazia apenas músicas próprias do Apocalyptica, mas em lançamentos posteriores teve alguns covers acrescentados como "Seemann" dos alemães do Rammstein. A capa desse álbum também era muito mais bonita e original do que a dos álbuns anteriores (procurem e vocês me entenderão). 

Depois do lançamento desse álbum, da aprovação geral dos fãs pela adição de uma bateria no som da banda e dos próprios membros, o Apocalyptica começou a procurar por um baterista fixo para a banda. O escolhido temporário foi Mikko Sirén, que pouco mais tarde seria "efetivado" como baterista "de verdade" da banda.


A banda seguia compondo diversas músicas para o novo álbum enquanto ainda estavam na estrada o que fez com que logo depois da turnê eles já entrassem direto no estúdio para começar as gravações.

Seguindo a linha das participações especiais a banda novamente fez alguns convites para o novo álbum, estando entre eles o vocalista da banda Him, Ville Valo e a vocalista do The Rasmus, Laurie Ylönen, que fizeram um dueto na música "Bittersweet" e o velho amigo Dave Lombardo que tocou na música "Betrayal/Forgiviness".

Com isso o álbum intitulado "Apocalyptica" é considerado um dos melhores da banda até hoje (não por mim, mas por muitos fãs) por causa das inovações, sendo o primeiro álbum a ter uma música com vocais e o primeiro a contar com a bateria em todas as faixas.

Momento piada sem graça (leia por sua própria conta e risco): A última faixa do álbum é "Deathzone" (zona da morte), que hoje também é conhecida como "Friendzone" (eu disse que era sem graça).

No ano seguinte veio o segundo "greatest hits" da banda intitulado "Amplified // A Decade of Reinventing the Cello", sendo um álbum duplo contando com diversas músicas covers do início da banda, algumas músicas próprias também dos álbuns anteriores e o cover de "Angel of Death" do Slayer. O segundo álbum era o que trazia as músicas com vocais, com a inédita "Repressed" que tinha os vocais de Max Cavalera (Sepultura) e Matt Tuck (Bullet For My Valentine). É um ótimo álbum se você quiser conhecer o Apocalyptica, trazendo músicas mais agressivas, mais calmas, com e sem vocais.


Fato interessante: A banda fez uma participação especial no álbum de estréia, em 2005, da banda Bullet For My Valentine tocando na intro do álbum "The Poison".

Em agosto de 2006 a banda já trabalhava nas canções do próximo álbum e quando iam entrar em estúdio tiveram que selecionar apenas 11 das mais de 40 composições que tinham prontas (WTF).

"Worlds Collide" foi o sexto álbum de estúdio da banda e assim como seus antecessores trazia participações especiais (cada vez mais sensacionais). Entre os convidados do álbum estavam: Corey Taylor do (Slipknot/Stone Sour) na música "I'm Not Jesus", Till Lindemann e Richard Kruspe(ambos do Rammstein) na música "Helden", Dave Lombardo (de novo) na música "Last Hope", Adam Gontier (Three Days Grace) na música "I Don't Care" e Christina Scabbia (Lacuna Coil) na música "S.O.S. (Anything But Love)".



Preciso dizer que o álbum é sensacional? Só preciso dizer que eu achei que faltou um pouco mais de "peso" nas composições, não pela qualidade (que dispensa comentários) apenas uma preferência pessoal quando comparo esse álbum com os anteriores, mas o álbum é excelente.

A banda saiu mais uma vez para sua turnê e a essa altura onde quer que passava era sem dúvida uma das principais atrações.

Só em 2010 a banda voltou a lançar um novo álbum, intitulado agora de "7th Symphony" (que é o 7º álbum da banda, entenderam o trocadilho com o nome? Espero que sim hein).

Assim como seu antecessor o álbum trazia quatro faixas com vocais, contando com as participações de Gavin Rossdale (Bush) na música "End of Me", Brent Smith (Shinedown) em "Not Strong Enough", Lacey Sturm (Flyleaf) na música "Broken Pieces" e Joe Duplantier (Gojira) na música "Bring Them To Light", além de mais uma participação do amiguinho Dave Lombardo na música "2010". 

Fato interessante: A música "Bring The To Light" estava originalmente planejada para ser lançada no "Worlds Collide", mas nem a banda nem Joe gostaram do resultado o que acabou adiando ela para o álbum seguinte.

Por algum motivo eu sou mais ligado nas músicas instrumentais do Apocalyptica e por isso esse álbum e o "Worlds Collide" são os que eu menos ouvi até hoje, novamente ressaltando que eles não são nem um pouco ruins (acho que a "pior" classificação para esses álbuns que alguém poderia dar seria chamar de bom) é uma questão de gosto mesmo e por esse motivo eu não dou muito a minha opinião (vocês perceberam que eu não opino muito né hehe).

Fato interessante: Em 2011 surgiu uma nova "banda" que eu acredito tenha se inspirado no Apocalyptica para começar. Essa banda é o 2Cellos, formada pelos irmãos Winchester do Supernatural. Não, é brincadeira (mas parece, sério). Ela é formada pelos músicos Luka Sulic e Stjepan Hauser e ficaram famosos depois de postar uma versão das músicas "Smooth Criminal" (Michael Jackson) e "Welcome to the Jungle" (Guns n' Roses). Os dois são muito bons e se você gostar do Apocalyptica provavelmente vai gostar dos dois.

Em novembro de 2013 foi lançado o primeiro álbum ao vivo do Apocalyptica. Foram usados dois shows especiais gravados nos dias 5 e 6 de julho de 2013 em comemoração ao aniversário de 200 anos do compositor alemão Wilhelm Richard Wager. O álbum foi intitulado "Wagner Reloaded - Live in Leipzig" e eu ainda não tive a oportunidade de ouvir esse álbum (até porque eu descobri ele enquanto eu pesquisava mais coisas para escrever para vocês. Sério eu não sabia desse álbum lançado no fim do ano passado).

Atualmente a banda está revezando entre sua turnê gigantesca e a gravação do novo álbum que tem previsão de lançamento para esse ano de 2014 e que eu estou louco para ouvir também.

E é isso, essa é a história de uma das bandas mais originais do mundo do rock e que conseguiu fazer algo totalmente inesperado e inusitado se tornando um símbolo, um marco e ídolos de muitas pessoas, mostrando que o rock não está restrito apenas a guitarra, contrabaixo, bateria e vocais, mostrando que há muito mais a ser explorado e aprendido no mundo do rock. Esse é o Apocalyptica.
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