[História do Rock #29] Alice in Chains


Estamos de volta para a alegria de todos os roqueiros leitores que leem minhas piadas sem graça semana após semana, pela vigésima nona vez com mais uma banda que deixou suas marcas impressas na História do Rock. Hoje vamos contar a história de uma das pioneiras no grunge e que misturava esse estilo com o metal, punk e hard rock (a famosa mistureba). A história de hoje amiguinhos e amiguinhas (momento Palmirinha) é com o (a) Alice in Chains.

A história da banda começa em 1987 quando Jerry Cantrell (guitarra) foi a uma festa em Seattle. Durante a festa ele acabou conhecendo um cara estranho de cabelo rosa (coisa mais linda) e que chamava a atenção de todos ali. Seu nome era Layne Staley (vocal). Os conversaram durante a festa (Laney sempre acompanhado por garotas. Huuuum safadenho) e no fim da festa Jerry disse para Laney que não tinha onde ficar (isso é jogar verde pra colher maduro) e Laney acabou oferecendo sua "casa" para Jerry poder passar a noite. Bom acontece que Laney não tinha exatamente o que pode ser chamado de casa, mas morava em um estúdio de música abandonado (de acordo com Jerry, o estúdio cheirava a urina, só pra melhorar a situação) que ficava em um velho armazém. Por isso "casa" entre aspas.

No tempo em que os dois conviveram juntos, Jerry acabou convidando Laney para entrar em sua banda Diamond Lie, já que Laney tinha acabado de deixar a sua última banda. Diamond Lie era formada além de Jerry e agora Staley, por Mike Starr (baixo) e Sean Kinney (bateria/ namorado da irmã do Mike). Até então a banda não tinha nenhuma ambição de se tornar famosa, de acordo com o próprio Jerry Cantrell, os quatro só queriam fazer alguns ensaios para tocarem em bares e clubes locais e poder pagar a cerveja e ganhar algumas mulheres (e os outros astros do rock começaram com qual pensamento se não esse também?). Tanto esse era o intuito da banda que eles nem mesmo escreviam suas músicas, se apresentando apenas com músicas de outros artistas já famosos.

Em 1988 a banda mudou seu nome primeiro para Alice n' Chains (nome de uma antiga banda de Staley) e depois passou para Alice in Chains. Já com novo nome a banda decidiu começar a pensar mais no futuro e investir mais tempo na banda para tentar algo de verdade. Começaram então a gravar algumas fitas demos com suas músicas, ainda no estilo glam.

Graças principalmente aos shows da banda que eram sempre muito elogiados na região de Seattle a banda desfrutava de certa fama local e decidiram em 1989 que era hora de gravarem um álbum independente, mas não deu tempo. Pouco antes do (a) Alice in Chains ir para estúdio a Columbia Records quis assinar um contrato com eles para gravarem um álbum.

O primeiro lançamento oficial da banda foi o EP "We Die Young" em 1989 e que fez um moderado sucesso nas rádios de rock mais pesado, com a música que da nome ao EP chegando ao top 5 das mais tocadas em rádios de metal norte americanas.

Em 1990 a Columbia decidiu que era hora de a banda lançar seu primeiro álbum e a banda gravou o
álbum "Facelift". Esperava-se que músicas como "We Die Young", "Sea of Sorrow" e "Hate, Love, Hate" fizessem sucesso, mas surpreendentemente o grande sucesso do álbum foi a música "Man in the Box" que simplesmente estourou nas rádios e foi necessário que a banda fizesse um clipe para a MTV, que também ficou saturada de pedidos da música, chegando ao top 20 de músicas nos EUA. Mesmo com todo esse sucesso o álbum ficou "apenas" em 46º lugar na Billboard 200.

Os quatro então decidiram lançar um EP em 1992 com o nome de "Sap" que foi gravado em apenas dois dias e contou com participações especiais como Ann Wilson (Heart), Chris Cornell (Soundgarden) e Mark Arm (Mudhoney). 

Fato interessante: O nome "Sap" foi escolhido pelo baterista Sean Kinney depois de ele sonhar que a banda tinha lançado o novo álbum com esse nome. Sim, ele tem o dom de prever o futuro e adivinhou o nome do novo trabalho (que piadinha boa hein cara, parabéns).

A banda então gravou a música "Would?" para o filme "Vida de Solteiro", que deu uma prévia do que vinha no novo álbum. O segundo álbum foi "Dirt" que é considerado por muitos como a maior obra prima da banda e um dos melhores álbuns do grunge e até mesmo do rock. "Rooster", "Them Bones" e "Would?" estavam no álbum que tinha um som mais pesado e melancólico, principalmente pelo fato de que nessa época Staley estava se acabando nas drogas, principalmente cocaína, o que o deixou mais melancólico para as gravações passando a mesma sensação para o público. O álbum foi um sucesso tão grande que em dois meses ganhou o disco de platina e logo chegou a sexta posição da Billboard 200. O álbum também entrou em diversas listas de melhores álbuns daquele ano, década, estilo e rock em diversas revistas e enquetes. Depois do lançamento do álbum eles partiram em uma turnê com titio Ozzy Osbourne. 

Fato interessante: Durante a turnê com Ozzy aconteceu um pequeno acidente com Laney que acabou quebrando a perna, mas mesmo assim a banda não perdeu nenhuma data e Laney continuou fazendo os shows de cadeira de rodas e/ou muletas. Graças a isso durante a turnê começaram a ser vendidas camisetas com uma estampa de um pé quebrado.

Logo após o término dessa turnê com Ozzy, Mike Starr deixou a banda porque não aguentava mais as longas turnês e acabou saindo amigavelmente da banda. Para seu lugar foi chamado Mike Inez que estava tocando na turnê do tio Ozzy. Primeiramente Inez foi chamado como baixista temporário da banda, mas depois de a banda entrar em estúdio novamente em 1993 ele foi confirmado como baixista oficial da banda. 

O (a) Alice in Chains chegou a verdadeira fama e saiu em turnê junto com outras bandas como Primus e Rage Against the Machine, além de começar como atração principal em diversos festivais, sendo o de maior destaque o Lollapalooza.

Os fãs e a crítica queriam um novo trabalho pesado da banda como o último álbum, mas contrariando as expectativas de todos o (a) Alice in Chains lançou o EP "Jar of Flies" que trazia um som mais acústico e tranquilo como seus primeiros trabalhos. "No Excuses" e "Stay Away" foram os destaques do EP que mesmo não sendo aquilo que os fãs pediam, tinha uma qualidade tão grande (qualidade Alice in Chains) que este foi o primeiro EP da história que alcançou o topo da Billboard. 

Logo após o lançamento do "Jar of Flies" o Alice in Chains iria sair em turnê junto com o Metallica, mas acabou abandonando os planos da turnê pouco antes desta começar, fato que aumentou os rumores do vício de Laney Staley em heroína (até então não ninguém tinha confirmado que Laney era um viciado).

Mesmo com os rumores do fim da banda, eles logo desmentiram isso voltando ao estúdio para gravar seu terceiro álbum "Alice in Chains", também chamado de "Three Legged Dog" (cachorro de três pernas). Esse álbum foi lançado em novembro de 1995 e seria o último registro de um álbum oficial do Alice in Chains com Laney Staley nos vocais. Este álbum acabou sendo uma mistura do som mais pesado da banda com o som acústico do último EP. O álbum também estreou em primeiro lugar na Billboard, mas a banda acabou não excursionando em divulgação para o novo trabalho novamente (um álbum chegar ao topo da Billboard sem uma turnê de apoio não é muito fácil não). "Grind", "Frogs" e "Heaven Beside You" foram os principais destaques entre as músicas do álbum.

Depois de quase três anos longe das apresentações ao vivo a banda finalmente voltou a se apresentar depois do convite para gravar um MTV Unplugged em 1996 (o famoso acústico MTV). A banda fez versões acústicas de suas famosas canções mais pesadas, (um álbum que vale muito a pena conferir, apesar de que eu sou suspeito porque eu sempre gosto dos acústicos que as bandas fazem). Só para variar um pouquinho o álbum não chegou a primeira posição da Billboard, chegando à terceira posição da mesma. No show também foi possível ver que a saúde de Laney estava bastante debilitada devido ao uso de drogas.

Depois deste show a banda se apresentou como banda de abertura em quatro concertos na reunião do Kiss, sendo os últimos da banda com Laney nos vocais da banda.

Cantrell, Inez e Kinney queriam manter a banda unida, mas claramente Staley não estava em condições de continuar com a banda e uma recuperação sem dúvida iria durar um bom tempo, e com isso os três decidiram se separar por uns tempos para se dedicarem aos seus projetos pessoais. 

Em 1999 foi lançada a compilação "Nothing Safe:The Best of the Box" com 15 músicas e que eram um
pequeno "aperitivo" para o box que seria lançado dali a pouco tempo. O box foi lançado também em 1999 e tinha 4 discos com demos inéditas ou novas mixagens de suas músicas, além de duas novas canções gravadas especialmente para o box "Get Born Again" e "Died", os dois últimos registros com Staley nos vocais do Alice.

Além destes também foram lançados "Live" com gravações feitas ao vivo entre 1990 e 1996, além de "Greatest Hits" lançado em 2001.

A banda estava em hiato, principalmente devido a situação complicada de Staley, que tinha piorado principalmente em 1996 depois da morte de sua noiva. A expectativa por uma volta do Alice perdurou até 2002, quando Staley foi encontrado morto em seu apartamento, no dia 20 de abril. Staley morreu devido a uma overdose de heroína e cocaína e estava sozinho, tanto que quando seu corpo foi achado já estava em estado de decomposição, levando a perícia a acreditar que Laney morreu no dia 5 de abril. 

Fato interessante: O dia 5 de abril é um dia maldito para o grunge, já que exatamente em 5 de abril de 1994 morreu o vocalista Kurt Cobain, vocalista do Nirvana. 

A morte de Laney deixou todos os fãs desolados e os músicos remanescentes, que mesmo não estando mais juntos, totalmente abalados, sendo que Jerry Cantrell dedicou todo o seu álbum solo lançado dois meses depois à Laney. 

Mesmo parecendo o fim da banda, os outros integrantes anunciaram que tinham voltado a tocar juntos em 2004, mas só em 2005 voltaram juntos ao palco, tocando com Patrick Lachman em um show beneficente para arrecadar fundos para as vítimas do tsunami asiático em 2004.

A banda então fez mais alguns shows com alguns vocalistas diferentes em apresentações esporádicas, até que em 2006 a banda anunciou que tinha um novo vocalista oficial, William DuVall, que tinha cantando com Jerry Cantrell em sua carreira solo. Os membros originais da banda disseram que faziam isso em homenagem a Laney, porque sabiam que ele iria querer isso. 

A confirmação da volta da banda veio com a turnê "Re-Evolution" na qual a banda excursionou junto com o Velvet Revolver, como forma de divulgar seu novo trabalho que a banda tinha começado e que de acordo com eles estava com um som "destruidor". Os planos originais da banda era começar as gravações do novo álbum no fim de 2007, mas ao invés disso passou o fim daquele ano e o começo do ano seguinte fazendo shows e gravando demos para as novas músicas. A gravação oficial só começou no final de 2008 e deixou os fãs muito ansiosos para o novo álbum do Alice in Chains depois de quase 14 anos. 

Finalmente para acabar com a ansiedade dos fãs foi lançado em 2009 o álbum "Black Gives Way to
Blues". "A Looking View" e "Check My Brain" foram os primeiros singles do álbum e principais destaques, além da faixa que dá nome ao álbum que contou com a participação de ninguém menos que Sir Elton John ao piano. O álbum teve uma boa recepção do público que sabia que o som da banda iria mudar sem Laney nos vocais, mas mesmo assim o álbum tem muita qualidade e pode por o selinho Alice in Chains de qualidade nele.

Fatos interessante: Esse álbum é o primeiro da banda com William DuVall nos vocais, o primeiro sem Laney, o primeiro álbum de estúdio depois de 14 anos, contou com a participação de Elton John, é álbum de maior duração da banda com quase 1 hora, teve a música "Check My Brain" como uma das mais executadas de rock daquele ano e em 2010 recebeu disco de ouro nos EUA.

A banda então saiu em turnê para divulgar seu novo trabalho, passando inclusive pelo Soundwave Festival na Austrália (onde foi uma das atrações principais junto com Lamb of God, Nine Inch Nails e Scars on Brodway), além do Rock on the Range (que também teve Motley Crue, Slipknot, Korn e Avenged Sevenfold).

A banda continuou com suas apresentações mundo afora durante os anos seguintes, passando inclusive no Brasil no festival SWU de 2011 como uma das principais bandas do festival (eu vi o show, não ao vivo porque sou pobre, mas eu vi o show e foi muito bom). 

Em janeiro de 2012 então depois de questionado sobre os planos da banda em estúdio, Jerry Cantrell revelou que a banda estava trabalhando em material para um novo álbum que viria provavelmente no ano seguinte.

Jerry disse, então está dito e em 2013 a banda começou a dar dicas sobre o novo álbum que viria, anunciando em fevereiro desse ano que o álbum se chamaria "The Devil Put Dinosaurs Here", sendo lançado em 28 de maio desse ano. O álbum foi mais elogiado do que o anterior pela crítica, mas os fãs reclamaram do tamanho das músicas (a música de menor duração do álbum é "Stone" com 4:22), sendo que este álbum superou a marca do anterior e se tornou o álbum mais longo do Alice. Eu não vou dar uma de sabido aqui e dizer que o álbum ficou sensacional como um todo, até porque eu ainda não escutei o álbum todo, mas as músicas que eu ouvi ficaram muito boas e talvez a duração maior das músicas seja a única coisa que os fãs "chatos" tenham encontrado para reclamar, porque o álbum não deixou a desejar em nada pelo que eu ouvi até agora. Os dois singles do álbum são "Voices", "Stone" e "Hollow", que ficaram sensacionais. Depois de lançar seu álbum a banda voltou a excursionar, agora para divulgar seu novo trabalho.

E por aqui acaba esse História do Rock, que trouxe o Alice in Chains, na minha opinião a maior bandade grunge junto com o Pearl Jam (não me façam escolher, Pearl Jam foi a primeira banda de grunge que eu ouvi) e que teve um dos vocalistas mais fantásticos da década de 1990 (na minha opinião também ao lado de Eddie Vedder) e que com certeza deixou saudades, mas que sem dúvida alguma aprovaria esse novo Alice in Chains que está fazendo um ótimo trabalho, honrando a memória de Laney Staley e proporcionando boa música para os fãs do bom e velho rock n' roll até hoje.
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