[História do Rock #17] Rage Against The Machine


Estamos de volta com mais uma banda essa semana no HdR, e essa semana a banda foi escolhida em homenagem a onda de protestos no nosso querido Brasil. A banda de hoje é conhecida por suas letras bastante políticas e fortes protestos em prol dos menos favorecidos da sociedade e suas críticas contra as injustiças sociais. Hoje vamos ver a história do Rage Against The Machine.

O surgimento da banda aconteceu em meados de 1991, em Los Angeles, quando Tom Morello foi a um bar e viu Zack de la Rocha fazendo uma apresentação de rap free style no bar, ficando bastante impressionado com a performance de Zack. Após o término do show, Tom se aproximou de Zack para puxar uma conversa e o assunto  sobre os dois formarem uma banda acabou surgindo e eles viram que poderia sair algo bom daquela parceria (eles nem imaginavam o quanto). Depois de decidirem levar o projeto de uma banda para frente era a vez de recrutar os outros membros da banda. Zack que já conhecia Tim Commerford desde a sua infância o chamou para assumir o baixo na banda e Tom conhecia o baterista Brad Wilk de um teste que ele havia feito para a antiga banda de Tom. Estava assim completa a formação do Rage Against The Machine (ou RATM, que é como eu vou chamar agora para facilitar o processo).

Fato interessante: O nome da banda foi escolhido por Zack que tinha esse nome baseado em uma música da sua primeira banda e esse nome também seria o nome do segundo álbum que nunca foi lançado pela mesma  banda.

A primeira apresentação da banda aconteceu em Orange County, Califórnia, onde um amigo de Tim estava dando uma festa e eles tocaram pela primeira vez em público.

Depois da sua primeira apresentação decidiram gravar sua primeiro demo que era formada por fitas cassetes com 12 músicas, que em sua grande maioria viria a formar o primeiro álbum da banda futuramente. Dessa demo os rapazes conseguiram vender cerca de 5.000 cópias depois de suas apresentações na região de Los Angeles e para um pequeno fã clube que começava a se formar já (esses caras são rápidos).

Em 1992 a banda conseguiu se apresentar no segundo palco durante a segunda edição do festival Lollapalooza e foi lá que conheceram o pessoal da Epic Records que após o fim da apresentação apresentou sua proposta de contrato para a banda que tinha total liberdade para suas gravações. A banda então conseguia seu contrato com uma grande gravadora apenas um ano depois da sua criação.

Fato interessante: A banda desde seu início tinha um som bastante diferenciado com a mistura do rap, principalmente por parte de Zack, e o rock dos outros membros. Por isso é considerada uma das principais responsáveis pelo uso do termo rap/metal que tinha como outro importante representante e influência para o som da banda os Beastie Boys.

O primeiro álbum da banda, "Rage Against The Machine", era formado em grade parte pelas músicas de sua demo feita no ano anterior, como eu já disse antes. Músicas como "Killing in the Name", "Bullet in the Head", "Wake Up" e "Freedom" estavam no álbum, tendo o principal destaque para "Killing in the Name" que é um protesto contra o militarismo norte americano e uma das mais famosas músicas da banda. Lançado em novembro de 1992 o álbum conta com mais de 3 milhões de cópias vendidas e ficou por 82 semanas na Billboard 200 após seu lançamento. Mas é claro como não é possível agradar a todos as fortes letras da banda e a sua atitude acabou gerando uma forte censura em cima do trabalho da banda, o que nós todos sabemos que é ótimo já que isso só faz aumentar a fama da banda por ser quase que um trabalho de marketing gratuito por parte de pais exagerados.

Na terceira edição do festival Lollapalooza a banda já era uma das principais atrações no palco principal mas na hora de subir ao palco para tocarem os quatro integrantes da banda subiram ao palco nus com uma fita preta sobre a boca e as letras PMRC (Parents Music Resource Center, que é o "órgão" responsável pela censura nas músicas "inapropiadas" para as "crianças inocentes"). Os quatro permaneceram em pé no palco desse jeito por cerca de 15 minutos e depois saíram sem tocar nem uma música sequer (para o azar de quem queria ouvir a banda naquele dia). Depois disso eles afirmaram que era um protesto contra a PMRC porque alguém tinha que fazer alguma coisa se não em breve não poderiam mais existir mais bandas como o Rage.

A banda ficava cada vez mais com sua agenda de shows lotada e quase não tinha tempo para parar e pensar no próximo trabalho. Com isso começaram a surgir boatos de um possível final da banda, mas para melhorar a situação os quatro se mudaram para uma casa em Atlanta e começaram a escrever as músicas do novo álbum, dividindo o tempo entre apresentações e composições. Mas acabou que o resultado das novas músicas não estava agradando a banda que decidiu voltar para Los Angeles e recomeçar todo o trabalho de composição do zero.

O tão aguardado segundo álbum da banda só foi lançado em 1996, intitulado de "Evil Empire" em "homenagem" a extinta União Soviética (O Império do Mal, como era conhecida nos países capitalistas, principalmente nos EUA durante a Guerra Fria). O álbum estreou logo de cara na primeira posição da Billboard 200 e fazia duras críticas contra o governo de Ronald Reagan e os casos de corrupção que aconteciam durante seu mandato. Os principais destaques da banda foram "Bulls on Parade", "People of the Sun" e "Tire Me" que ganhou o Grammy de melhor performance de metal.

A banda então volta ao circuito de apresentações sempre polêmicas, principalmente em apresentações onde eles queimavam a bandeira norte americana em cima do palco durante a música "Killing in the Name", além dos seus integrantes participarem ativamente de protestos, como em 1997 quando Tom Morello estava em um protesto contra a "Guess" (marca de jeans), junto com mais 32 pessoas, em um protesto contra a exploração do trabalho que era feita por essa empresa.

Em 1998 a banda grava a música "No Shelter" para a trilha sonora do filme "Godzilla" e no meio do mesmo ano começa a preparar o novo álbum que já tinha grande parte dos instrumentais das músicas praticamente prontos, sobrando o maior trabalho na parte das letras das músicas.

No ano seguinte a banda organizou um show beneficente em prol de Mumia Abu-Jamal (explicando rapidamente, Abu-Jamal se envolveu em uma briga com um policial que espancava seu irmão na rua e outro homem estava junto, foram ouvidas trocas de palavrar ásperas, uma briga, alguns disparos e quando a polícia chegou ao local, Jamal estava ferido no chão assim como seu irmão, o policial morto e o outro homem havia fugido. A polícia então obviamente concluiu que o "negão" era o culpado por atirar inclusive nele mesmo e o prendeu sem procurar o outro suspeito, sendo declarado culpado e condenado a pena de morte em 1981 e tendo sua pena alterada diversas vezes depois disso). A banda mesmo com alguns imprevistos tocou e novamente impressionou a platéia. No ano seguinte Zack chegou a falar diretamente com representantes das Nações Unidas sobre o caso de Abu-Jamal mas é claro que isso não deu em nada.

A banda também tocou no Woodstock 99' e novamente fez sua polêmica apresentação culminando com a queima da bandeira norte americana em cima do palco.

O primeiro single do novo álbum da banda foi lançado em outubro daquele ano, "Guerilla Radio", que como não podia deixar de ser, fez um grande sucesso logo na sua estréia. O álbum "The Battle for Los Angeles" foi lançado em 2 de novembro de 1999 em um dia de eleição nos EUA e contava com sucessos como "Sleep Now in the Fire", "Calm Like a Bomb" e "Testify".

Fato interessante: O clip de "Sleep Now in the Fire" foi gravado em frente ao prédio da Bolsa de Valores de Nova York e além de causar muita confusão obrigou que as atividades no prédio fossem encerradas uma hora antes do habitual. O resultado disso foi a prisão de todos os membros da banda.

Em 18 de outubro de 2000, Zack por um comunicado oficial anunciou que estava deixando a banda por diferenças de pensamento entre ele e os outros membros quanto ao futuro da banda e que ele iria se dedicar a sua carreira solo. Os membros restantes desejaram toda a sorte a Zack e afirmaram que não existia mágoa alguma entre eles e que era uma decisão que todos concordavam. Com isso Zack começou a trabalhar em seu projeto solo e fazendo algumas parcerias com outros artistas de hip-hop. Já Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk se juntaram com Chris Cornell para formarem a banda Audioslave (que já conta com a resenha aqui no HdR, se você não leu pode ler clicando em cima do nome ali do Audioslave).

Mesmo assim o novo álbum da banda "Renegades" já estava terminado, sendo um álbum de covers, lançado em 5 de dezembro de 2000 trazia covers de músicas como "Renegades of Funk", "Maggie's Farm" e "The Ghost of Tom Joad".

Ainda em 2003 foi lançado o álbum ao vivo da banda "Live at Grand Olympic Auditorium" gravado alguns anos antes (e lançado para a gravadora ganhar um dinheiro a mais né).

Depois de 7 anos separados e já deixando saudade em muitos dos fãs a banda anunciou uma reunião para tocar no festival Coachella que acontece na Califórnia e já deixando muitos fãs esperançosos de uma volta da banda, principalmente após a saída de Chris Cornell do Audioslave por diferenças musicais e de interesses. Depois dessa apresentação a banda começou a se reunir esporadicamente, mas sempre negando qualquer projeto de um novo álbum (a banda estava apenas voltando a tocar junta ao vivo).

Em 2010 a banda pisou pela primeira vez em solo brasileiro para um show e era sem dúvida uma das atrações mais esperadas do festival SWU. A banda que animava a galera e fazia o pessoal pegar fogo tinha sua apresentação sendo transmitida pelo canal Multishow, mas acabou tendo sua apresentação censurada após Tom Morello colocar um boné do MST (Movimento dos Sem Terra) em apoio ao movimento e cortar a parte onde Zack dava seu apoio ao participantes do movimento. O canal alegou que a interrupção do show não foi proposital mas sim devido a uma invasão na área restrita à equipe de transmissão que acabou interrompendo a transmissão (sim sim, e eu sou o Bozo).

No começo de 2013 a banda estava separada novamente já que Tom Morello estava tocando na turnê de Bruce Springsteen e Brad Wilk estava junto com o Black Sabbath gravando o novo álbum da banda, o que deixa os fãs bastante desapontados já que muitos esperavam um novo álbum em breve da banda que vinha se reunindo cada vez mais para shows. Infelizmente no começo do ano Tom Morello havia dito já que não havia plano algum para um novo álbum, pelo menos ainda não, mas que não é algo que não possa vir a acontecer. E enquanto isso vamos ouvindo as músicas que já marcaram história da banda com seus protestos e músicas fortes esperando que a banda que não tem medo de ir contra o "sistema" lance mais músicas para a alegria dos fãs que além de gostar de ouvir boas músicas também tem um grande exemplo de como protestar de uma forma pacífica e eficaz.
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