[História do Rock #32] Sepultura


História do Rock de volta e essa semana com banda brasileira e no clima de Halloween que invadiu o blog. A banda de hoje é uma das mais bem sucedidas bandas de metal da história e tem um nome bastante sugestivo para essa época do ano. A banda a ser dissecada hoje é a banda mineira Sepultura.

Tudo começou em 1983 quando os dois irmãos Igor (bateria) e Max Cavalera (guitarra) decidiram montar uma banda. Os dois então chamam seus amigos da escola Paulo Jr. (baixo) e Wagner Lamounier (guitarra e vocal). 

Fato interessante: O nome Sepultura foi inspirado na música "Dancing in Your Grave" da banda Motorhead (Dançando na sua Sepultura). Alguns anos antes de formar a banda, Max estava traduzindo a letra da música e achou que Sepultura era um nome apropriado para uma banda de metal já que eles moravam em uma cidade pequena do interior de Minas Gerais e em uma família bastante conservadora. Igor mais tarde disse que quando ele e seu irmão tinham 13 anos e nem mesmo tinham uma banda chegaram a falar para sua avó que sua banda se chamava Sepultura e a boa senhora ficou apavorada com isso, o que confirmou que esse era realmente o nome da banda (sacanagem assusta a véia).

Pouco tempo depois de ter formado a banda e com poucas apresentações a banda muda de vocalista com a saída de Wagner (que iria formar a banda Sarcófago) e a entrada de Jairo Guedez para a guitarra. Com isso Max passa a ser o vocalista da banda.

Em 1984 durante uma apresentação da banda em um festival em Belo Horizonte eles são "descobertos" pela gravadora Cogumelo Records (Hey Mario!) que logo depois do show da banda quer assinar um contrato com o Sepultura. Logo após assinarem o contrato a banda já decide gravar seu primeiro álbum.

Bom, o primeiro álbum da banda não foi um álbum só da banda. Gravado em 2 dias em BH (Belo Horizonte, não é Bahia) o LP tinha em um lado 5 músicas do Sepultura que foi intitulado "Bestial Devastation" e no outro lado três músicas da banda Overdose. O Sepultura tinha então lançado meio álbum (aeeeeeeee uma meia conquista).

Mesmo com apenas meio álbum o Sepultura ganhou certo destaque na cena de metal do Brasil (já que bandas brasileiras de metal eram meio raras). Eles então excursionaram durante um ano pelo Brasil fazendo apresentações e já juntando seus primeiros fãs mais devotos.

Em 1986 a gravadora decidiu deixar a banda lançar um álbum inteiro só deles. O álbum foi o "Morbid Visions" que partia para um gênero de death metal, com temas mais satânicos (como é possível ver pela capa do álbum né) e que mesmo com uma qualidade mais baixa é um dos álbuns de death metal mais importantes.

Fato interessante: A qualidade das músicas muitas vezes não ficava muito boa principalmente pelo fato de que, de acordo com o próprio Max, a banda muitas vezes nem ao menos afinava seus instrumentos antes das gravações (brasileiro é tudo vagabundo mesmo né, mas nem pra afinar o instrumento o cara presta hehehe).

A banda novamente sai em turnê durante mais um ano pelo Brasil e nesse meio tempo a gravadora lança em apenas um LP os dois trabalhos da banda "Bestial Devastation" e "Morbid Visions". Foi logo após a turnê que o guitarrista Jairo decidiu deixar a banda por motivos pessoais e a banda então chamou para seu lugar Andreas Kisser que traria uma visão mais melódica para a banda e um estilo de heavy metal mais puro e até um pouco de thrash metal.

Em 1987 a banda grava mais um álbum, "Schizophrenia", que foi o primeiro com Andreas na guitarra.
Foi com esse álbum que a banda começou a ter um maior destaque no mundo todo. "Schizophrenia" já mostrava a influência de Andreas no som da banda, com músicas mais voltadas para o thrash metal. O álbum vendeu nas primeiras semanas mais de 10 mil cópias em território nacional o que fez com que a gravadora New Renaissance lançasse o álbum nos EUA também.

Este foi o último álbum da banda gravado na Cogumelo Records (Hey Mario!), sendo que o sucesso do último álbum permitiu que eles assinassem com a Roadrunner Records e com isso tivessem uma divulgação melhor, além de mais recursos para sua gravações. 

O primeiro trabalho da banda com a nova gravadora foi "Beneath the Remains", lançado em 1989, e que contou até mesmo com um produtor americano, Scott Burns. Esse foi o verdadeiro início do sucesso internacional do Sepultura, que teve mais de 800 mil cópias vendidas de seu álbum ao redor do mundo, além de ser comparado com o álbum "Reign in Blood" da banda Slayer. O álbum também permitiu que a banda saísse do Brasil pela primeira vez para excursionar pela Áustria, México e EUA com a banda Sodom.

O Sepultura começava a tocar para grandes multidões, chegando a tocar para 26 mil pessoas no Dynamo Open Air Festival em 1990 e mais de 50 mil pessoas no Rock in Rio II. A banda chegou a conhecer bandas como Motorhead e Metallica nessa época também devido ao seu sucesso no exterior.

Em 2 de abril de 1991 a banda lança seu novo álbum "Arise" que é considerado o melhor álbum da banda por muitos fãs e que foi sem dúvida um enorme sucesso internacional (principalmente para uma banda brasileira), chegando a ficar 119º lugar na Billboard 200 nos EUA e vendendo mais de 1 milhão de cópias ao redor do mundo, além de render as primeiras certificações de vendas internacionais.

Em 1992 acontece o casamento de Max com a empresária da banda Glória Bujnowski, fato que mudaria o rumo da banda alguns anos depois.

Em 1993 a banda lança seu álbum "Chaos A.D." que já trazia uma
mudança significativa no som da banda que incorporava sons tribais nas suas músicas. O álbum também traz o destaque "Refuse/Resist" que foi incluída na 26ª posição na lista das 40 melhores músicas de metal feita pela VH1 e a música "Territory" que teve seu clipe eleito o clipe do ano pela MTV Brasil naquele ano. O álbum também ocupa a 46ª posição na lista dos 100 melhores álbuns de música brasileira feita pela revista Rolling Stones. O álbum assim como seu antecessor vendeu mais de 1 milhão de cópias ao redor do mundo.

Em 1994 a banda tocou no festival Monsters of Rock em Donnington, sendo a primeira banda da América Latina a conseguir se apresentar no festival, tocando para cerca de 50 mil pessoas (chupa quem fala que o Brasil não tem música boa).

No mesmo ano a banda lança o vídeo "Third World Chaos" que trazia alguns clipes da banda e trechos de entrevistas feitas na MTV Brasil, Japão, Americana e até mesmo uma entrevista realizada por Bruce Dickinson (isso o vocalista do Iron Maiden) na época que o inglês tinha um programa de entrevista na Inglaterra.

Em 1996 a banda lança seu álbum mais experimental, o "Roots", que contou com a participação do "metaleiro" Carlinhos Brown na percussão da música "Ratamahatta", além da participação dos índios da tribo Xavante do Mato Grosso nas músicas "Itsári" e "Jasco" (aqui é Brasil mermão). O álbum chegou a 27ª posição na Billboard 200 e ficou em 4º lugar na Inglaterra (cara eu amo a Inglaterra, álbuns de rock/metal sempre tem boas vendas lá).

Ainda em 1996 sai a compilação "The Roots of Sepultura" que era um álbum duplo, sendo o primeiro álbum o próprio "Roots" e o segundo uma compilação de covers e lives raras da banda.

Naquele mesmo ano de 1996 quando a banda estava cada vez voando mais baixo e com um enorme sucesso mundo afora (tocando inclusive na Ozzfest daquele ano) vem a notícia que abalou todos os fãs da banda: Max Cavalera estava deixando a banda. A confusão na banda começou quando os três outros integrantes não quiseram renovar o contrato com sua empresária Glória (esposa de Max) já que eles achavam que ela estava cuidando apenas dos interesses de Max e dando destaque apenas para ele. Max ficou nervoso e não quis aceitar que sua esposa fosse dispensada o que acabou gerando o conflito (Yoko Ono manda lembranças). Com isso Max acaba se demitindo do Sepultura e forma sua banda Soulfly.

Em 1997 a banda tenta fazer algumas apresentações como trio e Andreas nos vocais, mas ele não se sente a vontade em cantar fazendo com que a banda começasse a procura por um novo vocalista.

Ainda em 1997 a Roadrunner para não perder dinheiro decide re-lançar todos os álbum da banda até "Arise" com algumas faixas bônus e com o nome Gold CD re-issue, além de lançar demos inéditas e versões alternativas no "B-sides" e a coletânea "Blood-Rooted".



A banda abrira a vaga para um novo vocalista e fitas demos começaram a inundar o escritório da Roadrunner com milhares de candidatos para a vaga. A banda então começa a selecionar os candidatos que se encaixavam no perfil da banda e no final o escolhido foi o norte-americano Derrick Leon Green, apelidado carinhosamente de O Predador (o negão é grande hein. Ficou meio gay isso, mas fazer o que).

Fato interessante: Derrick é norte-americano, mas fala português fluentemente e logo que chegou ao Brasil com a banda se apaixonou pelo país e até mesmo virou palmeirense (tadinho).

O primeiro álbum com o Predador foi "Against" que impressionou os fãs e conseguiu agradar a muitos (é claro que sempre tem os fãs viúvos que sentem falta da formação antiga, e o vocal do Max, etc. Mas o Derrick canta bem). O álbum contou ainda com a participação de Jason Newsted, ex baixista do Metallica, na música "Hatred Aside".

A banda excursionou mundo afora fazendo o sucesso de sempre com a nação metaleira internacional.

Em 2001 veio o novo álbum "Nation" que teve o início da sua turnê no Rock in Rio III.

Em 2002 vem dois trabalhos o "Under a Pale Grey Sky" um álbum duplo ao vivo e o EP "Revolusongs" que era um EP apenas com covers de outras bandas.

Um novo álbum de estúdio veio em 2003 com o lançamento de "Roorback", o primeiro pela nova gravadora. O álbum contava com um cover da música "Bullet in the Blue Sky" da banda U2 na 14ª faixa (acho que alguém é fã do U2 já que o "Revolusongs" a banda também fez um cover deles).

Em 2005 a banda lançou o álbum duplo ao vivo "Live in São Paulo" em comemoração dos 20 anos de Sepultura, tocando os principais sucessos da banda.

A banda vinha em uma queda de popularidade desde a saída de Max Cavalera da banda, mesmo assim os integrantes ainda faziam um grande sucesso em suas apresentações ao vivo.

O décimo álbum da banda, intitulado "Dante XXI", foi um trabalho conceitual baseado na obra "A
Divina Comédia" de Dante Alighieri. A ideia original do álbum era fazer uma espécie de trilha sonora para a obra literária. A ideia original foi de Derrick Green e logo foi aceita pelos outros membros da banda. Esse foi o primeiro álbum desde "Roots" a ganhar um álbum de ouro (no Chipre, mas ganhou mesmo assim). 

Logo após o lançamento do álbum Igor Cavalera acabou deixando o Sepultura. Segundo os outros membros da banda a saída de Igor foi mais tranquila do que a de seu irmão, já que Igor já vinha compartilhando com seus companheiros de banda que ele estava perdendo o interesse no Sepultura. Para a turnê foi chamado o baterista Jean Dolabella. A turnê passou Europa, Américas e Ásia e contou com mais de 100 apresentações ao total.

Em 2006 foi lançado a coletânea "The Best of Sepultura".

O novo álbum da banda, e o primeiro sem Igor Cavalera, foi lançado em 2009 sob o nome de "A-Lex" e foi inspirado na obra literária "Laranja Mecânica", seguindo o exemplo do álbum anterior. Mesmo tendo uma boa recepção do público e da crítica as vendas do álbum foram baixas (principalmente porque já é 2009 e a pirataria rola solta, além dos fãs viúvos dos irmãos Cavalera).

Em 2011 a banda lançou seu 13º álbum, "Kairos" que era mais pesado do que os últimos trabalhos que a banda vinha apresentando e contou com a participação do grupo de percussão francês Tambours du Bronx na música "Structure Violence (Azzes)". O álbum foi bem recebido pelo público e ficou no top 100 em diversos países europeus.

Naquele mesmo ano o baterista Jean Dolabella saiu da banda e para seu lugar Eloy Casagrande.

No último mês a banda se apresentou duas vezes  no festival Rock in Rio V, uma vez no Palco Mundo junto com o Tambour du Bronx e outra vez no Palco Sunset junto com Zé Ramalho. As duas apresentações foram muito elogiadas pelo público em geral e com certeza foram uma das mais aguardadas pelos metaleiros que foram ao festival.

E então chegamos ao presente onde o Sepultura está fazendo suas apresentações mundo afora e levando o nome do Brasil para todas as nações, mostrando que o Brasil não é um país só de samba e carnaval, o Brasil também sabe fazer metal de qualidade. O Brasil também é o país do Rock e do Metal \m/.


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