[História do Rock #18] Raul Seixas


Estamos de volta minhas senhoras e meus senhores, meus caros e amados leitores do IéL e do HdR e hoje temos de volta um roqueiro brasileiro, talvez o mais icônico roqueiro brasileiro e o símbolo para diversas outras bandas nacionais (e que feio desse jeito já pegou mais mulher que muito marmanjo que se acha o gostosão por ai). Hoje vamos desmembrar a história do Maluco Beleza, do Raulzito, sim ele, Raul Seixas.

Raul Santos Seixas nasceu em 28 de junho de 1945 (parabéns a Raulzito que teria feito 68 aninhos na sexta feira passada, isso se você estiver lendo esse post na mesma semana em que eu o escrevi). Nascido em Salvador (Bahia para os que são ruins em Geografia), filho de Raul Varella Seixas que era  chefe de telecomunicações da Viação Férrea Federal da Bahia (sentiu a responsa?) e Maria Eugênia Santos Seixas que era uma de nossas amadas donas de casa, como muitas de nossas mamães (ou nem tanto em pleno século XXI).

Raul não era um garoto muito "problemático" até 1954 quando foi apresentado para ele o rock n' roll e o blues dos EUA, principalmente Elvis Presley. Isso porque a Bahia era o destino de muitos americanos que vinham para trabalhar na recém criada Petrobrás e as crianças americanas acabaram mostrando suas músicas para Raul que o deixaram fascinado. Raul chegou a contar em uma sessão de terapia, anos mais tarde, e que ficou anotada do seguinte modo "Os filhos dos gringos me apresentavam esse novo fenômeno através de discos e revistas. Quando a gente se encontrava na rua o papo era: 'E aí , tudo bem, tem disco novo?' Aprendi blues e rock antes destas músicas terem chegado ao Brasil. Além disso aprendi inglês fluentemente" (viva para quem também aprendeu muito de inglês com músicas).

Daí para frente o interesse do garoto pelo rock só iria aumentar o que o faria repetir por três anos a mesma série na escola, já que, segundo alguns professores, o garoto faltava a aula para ir ouvir rock 'n roll. 

Enquanto Raul parava de frequentar a escola, seu interesse por literatura aumentava cada vez mais e sempre que podia lia alguns dos livros da biblioteca de seu pai e depois se inspirava para escrever suas próprias histórias que ele vendia para seu irmão mais novo, que adorava ler seus esboços sobre um inventor maluco chamado Mêlo, que Raul dizia que era quase um alter-ego que buscava as respostas por lugares também malucos. Raul gostava tanto de escrever que chegou a cogitar a ideia de se tornar um escritor ao invés de músico (que bom que ele virou um músico, não que não fosse um bom escritor, mas como músico foi fenomenal).



Raul depois de três anos retido no segundo ano de ginásio foi colocado para estudar em um colégio de padres, o que não o impediu de repetir o terceiro ano também. Raul mais tarde disse que odiava frequentar a escola porque ele não aprendia nada do que queria lá dentro e tudo que ele queria saber ele buscava nos livros e a única coisa que ele aprendeu na escola foi odiar a própria escola (podem falar o que quiser mas foi profundo hehehe, não tomem como exemplo crianças, estudem porque vocês não podem arriscar tentar virar um roqueiro de sucesso, então estudem). 

O primeiro destaque de Raul na música aconteceu em 1962 quando ele ingressou na banda chamada de Os Relâmpagos do Rock até que em 1963 passou a se chamar The Panters e logo em seguida foi rebatizada de Os Panteras. E para quem acha que Raul Seixas não tinha sentimentos, nessa época ele começou a se interessar por uma garota, filha de um pastor protestante que o proíbe de ver a filha por ser um vagabundo. Raul então termina o segundo grau em seis meses e ao fazer vestibular passa em Direito, Filosofia e Psicologia (viram, se vocês largassem a escola não conseguiriam passar em concurso público para dirigir o caminhão do lixo, mas Raul era porreta e passou nessas três. Brincadeira gente eu sei que vocês conseguiriam dirigir o caminhão do lixo e até mais quem sabe, basta se esforçarem). Mas enfim, com esse feito Raul se casa pela primeira vez com Edith (sua primeira esposa de muitas, acreditem).


Nessa mesma época Os Panteras recebem um convite de Jerry Adriani para irem para o Rio de Janeiro para gravarem seu primeiro disco (e claro que com isso Raulzito abandona os estudos). Em 1968 a banda lança seu primeiro e único álbum intitulado "Raulzito e os Panteras" que trazia 8 de suas 12 músicas assinadas por Raul Seixas e um cover da música "Lucy in the Sky With Diamonds" dos Beatles (e que aqui entre a gente, ficou muito bão não).

A banda nessa época passava por sérias dificuldades financeiras na cidade maravilhosa e chegaram a passar fome várias vezes já que o disco não rendeu boas vendas, ou seja, sem dinheiro para os rapazes.

Abalado, sem dinheiro e com seus sonhos destruídos Raul volta para Salvador e passa seus dias trancado no quarto lendo livros de filosofia e saindo pela cidade com uma moto para "espairecer" um pouco. Isso tudo muda quando ele conhece um diretor da CBS Discos que o convida para ser o produtor da nova gravadora no Rio de Janeiro. Sem pensar duas vezes Raul e sua esposa voltam para o Rio para começar a trabalhar com música de novo. Raul então começa a produzir alguns discos de novos amigos na gravadora e alguns desses novos amigos começam a usar algumas de suas composições em seus álbuns e a fama de Raulzito no meio da Jovem Guarda começa a surgir. Alguns dos sucessos da Jovem Guarda foram escritos por Raul Seixas, como "Doce Doce Amor" gravada por Jerry Adriani (hehehe Raul também tem um lado escuro em sua carreira e que muitos de vocês não conheciam).

Raul chegou a integrar mais uma "banda" ou um grupo, formado por ele próprio, Edy Star, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada, que formavam a Sociedade da Grã-Ordem Kavernista e que misturava um pouco de MPB com rock e algumas coisas meio psicodélicas. o resultado foi o álbum "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez" e que não fez muito sucesso, não teve divulgação da gravadora e acabou "morrendo sozinho".

 Fato interessante: Existe até mesmo uma "lenda" em torno desse álbum que diz que os quatro membros do grupo gravaram as faixas escondidos a noite e sem o consentimento da gravadora e por isso não houve nem mesmo divulgação do álbum por parte da gravadora e isso teria resultado na expulsão de Raul Seixas da posição de produtor, o que não é verdade, pelo menos a parte da demissão de Raul já que alguns outros álbuns foram produzidos por ele inclusive no ano seguinte.

Mas é claro que Raul Seixas não se contenta com mais esse fracasso e quer ser um cantor e com isso é convencido a participar do Festival Internacional da Canção de 1972 inscrevendo duas de suas músicas na competição, sendo "Let Me Sing Let Me Sing" interpretada pelo próprio Raul e "Eu Sou Eu Nicuri é o Diabo" interpretada por Lena Rios & Os Lobos, sendo que as duas canções chegaram a final do concurso e fizeram um grande sucesso com a crítica e principalmente com o público.

Com isso surge a chance para Raul Seixas entrar em estúdio novamente e gravar um novo álbum, dessa vez solo. Lançado em 1973 sob o nome de "Krig-ha Bandolo!", e foi onde começou sua famosa parceria com Paulo Coelho. Músicas famosas do cantor como "Metamorfose Ambulante", "Mosca na Sopa", "Al Capone" e "Ouro de Tolo" vieram desse álbum de Raul e que ficou em 12º lugar em uma listagem da revista Rolling Stones sobre os 100 maiores álbuns brasileiros de todos os tempos (apesar de essas coisas de listas de revistas não serem muito certas e enfim).

Fato interessante: O nome Krig-ha Bandolo! foi retirado do grito de guerra do personagem Tarzan que era publicado em quadrinhos na época e significa "Cuidado, ai vem o inimigo".

Fato interessante²: Ao contrário do que parece, Raul Seixas e Paulo Coelho não tinham uma boa relação, na verdade brigavam várias vezes e isso já foi contado inclusive por sua filha em um documentário feito sobre a vida do cantor.

Fato interessante³: A música "Ouro de Tolo" é baseada quase que uma auto-biografia do cantor baiano que na sua primeira passagem pela cidade maravilhosa havia passado fome e agora finalmente conseguira tudo que sempre quis mas não estava feliz com isso.

Ainda em 1973 Raul resolveu homenagear o que ele julgava ser o verdadeiro rock regravando 24 canções entre sucessos americanos e nacionais no álbum "Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock". Mas os produtores não quiseram atrapalhar as vendas de "Krig-ha Bandolo!" e por isso deram o crédito do álbum a banda Rock Generation sem o nome de Raul. Mais tarde esse álbum foi re-lançado diversas vezes com o nome de Raul Seixas.

No ano seguinte Raul e Paulo Coelho criam a famosa Sociedade Alternativa que era uma espécie de sociedade baseada nos preceitos do bruxo inglês Aleister Crowley onde a principal "regra" pode ser vista (ou ouvida, sei lá)  na música "Sociedade Alternativa", "fazes o que tu queres, há de ser tudo da lei". Raul sempre divulgava a sociedade em seus shows e cantava a música, mas acontece que o Brasil passava pelo período da Ditadura Militar e o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social, que resumidamente para aqueles que não se lembram ou não estudaram na escola ainda, era responsável pela censura de tudo que ia contra o governo), esse Departamento acabou censurando a música por achar que era algo que ia contra o governo (afinal em uma ditadura você não faz o que você quer) e após prender Raul Seixas e Paulo Coelho e os torturar, acabaram exilando eles nos EUA.

Fato interessante: Raul Seixas afirma ter se encontrado com John Lennon e conversado com o seu ídolo durante esse período de exílio.

Acontece que o exílio de Raul e Paulo não durou muito tempo graças ao seu álbum lançado alguns meses antes do exilamento. O álbum "Gita" foi lançado em 1974 fazia tanto sucesso no Brasil que logo chegou a marca de disco de ouro e obrigou que o governo militar trouxesse Raul e Paulo de volta para o país. É claro que Raul tinha que provocar os militares por causa do exílio e com isso posou para a capa do álbum vestido de guerrilheiro e com uma guitarra vermelha (para entender melhor, estude o período da Guerra Fria). Músicas como "Gita", "Sociedade Alternativa", "Medo da Chuva" e "O Trem das 7" fizeram desse álbum o álbum de maior sucesso da carreira de Raulzito.

Neste mesmo ano Raul se separa de sua mulher Edith que vai para os EUA com sua filha (viu nenhum relacionamento vale o estudo para tentar entrar em uma faculdade e impressionar o pai da garota porque tudo chega ao fim. Credo que deprimido que ficou esse comentário). Mas para Raulzito isso não era um problema e no ano seguinte ele já estava novamente casado.

Em 1976 Raul gravou seu novo álbum "Novo Aeon" que conta com uma de suas mais famosas músicas "Tente Outra Vez" além de "Rock do Diabo" e "Tu És o MDC da Minha Vida". Mesmo assim o álbum teve uma baixa vendagem com apenas 60 mil cópias vendidas.

Fato interessante: O primeiro "esboço" da música "Tente Outra Vez" foi escrita por Raul Seixas quando ele tinha apenas 13 anos de idade e foi terminada para esse álbum com a parceria de Paulo Coelho e Marcelo Motta.

Lançado em 1976 o novo álbum de Raul, "Há 10 Mil Anos Atrás" voltou a boa fase de vendas do cantor e trazia uma temática mais mística, como é possível ver na música "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás", além da hilária "Eu Também Vou Reclamar" (que traz a famosa frase "pare o mundo que quero descer").

Em 1977 Raul lança mais um álbum e dessa vez sem a parceria com Paulo Coelho devido a uma de suas famosas brigas, Raul arranja em Cláudio Roberto o novo parceiro para compor suas músicas. O resultado da nova parceria foi o álbum "O Dia Em Que A Terra Parou" que trazia além da música que dá nome ao álbum a música "Sapato 36" e "Maluco Beleza" que é um dos maiores sucessos da carreira de Raul e que deu o novo apelido para o baiano. Mesmo fazendo um grande sucesso com o público não agradou muito a crítica (ninguém se importa com a crítica!).

Em 1978 Raul começara a sofrer com uma pancreatite devido ao seu consumo de álcool e por isso vai para uma fazenda na Bahia para tentar se "curar" e lá começa a escrever as músicas do seu novo álbum, fazendo pela última vez parceria com Paulo Coelho nas músicas "As Profecias" e "Judas", além de conhecer sua futura terceira esposa lá e compor algumas músicas com ela também como "Mata Virgem" e "Pagando Brabo". O resultado foi o álbum "Mata Virgem" que fugiu um pouco ao rock tradicional do cantor para diversificar para outros estilos como a MPB e até um pouco de country. Muitos afirmam que o trabalho de Raul nesse álbum não parecia tão "inspirado" como nos álbuns anteriores devido ao momento difícil que ele passava em sua vida com seu segundo divórcio.

Em 1979 o Maluco Beleza gravou seu novo álbum, "Por Quem Os Sinos Dobram" que trazia muitas músicas feitas em parceria com Oscar Rasmussen e que rendeu músicas como "Por Quem Os Sinos Dobram", "Movido a Álcool" e "O Segredo do Universo". Esse assim como o álbum anterior também não agradou tanto aos seus fãs por causa da mudança de gênero. Nesse mesmo ano Raul se separa pela terceira vez de sua companheira e tem início sua depressão que o levaria a internação para tratar de seu alcoolismo e durante sua internação conhece sua quarta esposa, Kika Seixas.

Em 1980 Raul já melhor lança seu novo álbum pela CBS, gravadora onde ele trabalhou tanto tempo como produtor. O álbum foi "Abra-te Sésamo" que contou com duas músicas censuradas: "Aluga-se" que era uma forte crítica sobre a relação do governo brasileiro com outros países, principalmente EUA, e "O Rock Das Aranhas" que foi censurada pela sua letra (desculpem a palavra mas é pura putaria hehehe, saudade da época em que essas coisas eram proibidas no Brasil e não chamadas de sucesso). Além disso o álbum também trazia "O Conto do Sábio Chinês" que é a maior brisa de todos os tempos.

Fato interessante: Raul se apresentou em 1982 em Caieiras, São Paulo, mas estava tão bêbado em cima do palco que chegou a ser chamado de impostor, um imitador de Raul e foi expulso a pancadas de cima do palco.

Raul que estava sem contrato desde 1980 com uma gravadora começa a voltar a depressão e volta a se afundar no álcool dessa vez com o uso de drogas também até que é convidado pelo Estúdio Eldorado para gravar um novo álbum. Lançado apenas com o nome "Raul Seixas" foi o primeiro passo para Raul se animar um pouco novamente, e durante a gravação do álbum é convidado pela Rede Globo para fazer uma participação no especial infantil Plunct, Plact Zuuum (afinal, quem melhor do que um roqueiro deprimido, bêbado e com diversos problemas de saúde para participar de um especial infantil?), gravando a música "Carimbador Maluco". O álbum "Raul Seixas" lançado em 1983 trazia músicas como "Carimbador Maluco", "DDI (Discagem Direta Interestelar)" e "Capim Guiné" acabou gerando para o Maluco Beleza o seu segundo disco de ouro da carreira (viva as crianças que impulsionaram o álbum do cantor com "Carimbador Maluco").

No ano seguinte Raul é convidado a gravar um álbum pela Som Livre (propriedade da Globo), chegando diversas vezes para gravar completamente bêbado o que faz com que esse seja o único álbum do cantor pela gravadora. "Metrô Linha 743" trazia duas músicas já gravadas anteriormente por Raul "O Trem das 7" e "Eu Sou Egoísta", além da censurada "Mamãe Eu Não Queria" que fazia uma crítica a obrigatoriedade do alistamento militar.

Ainda em 1984 a Eldorado lança o disco "Ao Vivo - Único e Exclusivo", realmente o único álbum ao vivo do cantor até então.

Em 1985 Raul passa pelo seu quarto divórcio (essa é pra quem assiste Friends e acha que o Ross tinha muitos divórcios).

Fato interessante: Raul fez sua última apresentação solo em 1 de dezembro de 1985 em São Caetano do Sul e só voltaria ao palco em 1988 ao lado de Marcelo Nova.

Raul consegue um novo contrato com uma gravadora em 1986 para gravar seu novo álbum, mas o trabalho só é lançado em 1987 devido ao alcoolismo de Raul que dificultou a gravação das músicas. O álbum "Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!" (nome desgraçado de escrever) foi outro grande sucesso de Raul que trouxe a famosa "Cowboy Fora da Lei", "I Am (Gita)" (na verdade é a música Gita mas cantada em inglês), "Paranóia II (Baby, Baby, Baby)" e "Canceriano Sem Lar (Clínica Tobias Blues)". O álbum agradou muito aos fãs o que rendeu a Raulzito seu terceiro disco de ouro de sua carreira (isso prova que Raul era melhor bêbado!). Também nessa época conheceu sua nova companheira.

Foi nesse ano que começou a parceria de Raul Seixas com o também baiano Marcelo Nova (vocalista da banda Camisa de Vênus) participando da música "Muita Estrela Pouca Constelação" do álbum "Duplo Sentido" da banda Camisa de Vênus.

No ano seguinte já separado novamente grava seu décimo quarto álbum, "A Pedra do Gênesis" já muito doente devido ao seu problema com o álcool e drogas, e Raul já começava a ver que sua vida não iria durar muito tempo mais e isso é possível ver pela sua música "Cavalos Calados", mas é óbvio que Raul não podia deixar de criticar a censura da época e fez isso com a música "Senhora Dona Persona" (que na minha opinião é o grande destaque do álbum). Além disso o álbum ainda trazia "A Pedra do Gênesis" e "Fazendo o Que o Diabo Gosta" como destaques.

Raul Seixas então firma parceria com Marcelo Nova e anuncia seu próximo álbum com a parceria do conterrâneo. Este que seria o último álbum gravado com Raul Seixas ainda vivo foi gravado durante o ano de 1989 e recebeu o nome de "A Panela do Diabo". Durante aquele ano os dois fizeram cerca de 50 shows pelo Brasil e passaram por diversos programas de televisão, inclusive no programa do entrevistador Jô Soares que está no youtube para quem quiser conferir.

Fato interessante: O nome do álbum foi escolhido pelos dois baianos como forma de provocação contra os religiosos que iam até a porta de seus shows para falarem que eles eram do demônio. Em um desses shows eles viram um cartaz escrito que aquilo era a panela do diabo. Bom, eles acharam o nome legal e escolheram para o novo álbum.

Como não poderia deixar de ser o álbum trazia uma crítica contra muitos dos pastores que abusavam (e ainda abusam não é) da ingenuidade de seus fiéis seguidores para conseguir dinheiro. Essa crítica é bastante clara na música "Pastor João e a Igreja Invisível" que é uma das melhores da carreira de Raulzito (entendam e saibam diferenciar que Raul e Marcelo não criticam religião alguma e sim charlatões e aproveitadores, então sem chamar os caras de endemoninhados hein). Outros destaques também vão para as músicas "Carpinteiro do Universo", "Rock n' Roll" e "Banquete de Lixo", sendo esta última uma história que Raul afirmava que era baseada em fatos reais de quando ele estava exilado nos EUA.

O álbum foi lançado em 19 de agosto de 1989 mas infelizmente Raul não pode apreciar seu último trabalho nas vitrines já que no dia 21 de agosto, ou seja, dois dias depois do lançamento, Raul foi encontrado morto em seu apartamento, pela sua empregada, por volta das oito horas da manhã. A causa da morte foi uma parada cardíaca que foi causada pelo seu alcoolismo somado ao fato de ser diabético e não ter tomado sua insulina que lhe causou uma pancreatite aguda gravíssima levando Raul Seixas a óbito (um minuto de silêncio).

O seu último álbum lhe rendeu um disco de ouro póstumo entregue a sua família e Marcelo Nova.

Depois da morte de Raul diversos álbuns póstumos foram lançados, como "Eu Raul Seixas" (1991), "O Baú do Raul" (1992), "Raul - Vivo" (1993), "Se o Rádio Não Toca..." (1994), "Documentos" (1998), "Anarkilópolis" (2003) que trazia duas músicas inéditas e "20 Anos Sem Raul Seixas" (2009). A mais "nova música" de Raul foi "descoberta" nos arquivos pessoais de Raul que na época foi censurada pela ditadura. A música então foi mixada, editada, feita um novo arranjo e lançada sob o nome de "Gospel" e "lançada" no programa Fantástico.

E assim termina mais um História do Rock, que essa semana teve o prazer de falar sobre um dos maiores símbolos do rock nacional, um homem que não tinha medo de ir contra o sistema e falar o que achava que estava errado por meio do seu rock n' roll que mudou sua vida e a vida de muitos outros brasileiros. Viva Raulzito, o nosso eterno Maluco Beleza.


Comente:
Aviso: nossos editores/colunistas estão expressando suas opiniões, esperamos que os comentários levem isso em consideração e que sejam construtivos. O espaço é para debate sobre o tema, sobre as críticas e sobre as ideias, não às pessoas por trás delas. Não serão tolerados ataques pessoais, comentários caluniosos, difamatórios, ofensivos, preconceituosos, que sejam de alguma forma prejudiciais ou ainda aqueles que contém propaganda ou spam. Para tratar de assuntos não pertinentes ao post utilize o formulário de contato ou envie email para contato@istoeleitura.com .